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segunda-feira, 10 de junho de 2013

EVANGELHO XI DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C - 2013

CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO 11º DOMINGO DO TEMPO COMUM  Lc 7, 36-50; 8 1-3 
Uma pecadora que admirava a virtude
As mesas de refeição daqueles tempos costumavam ser em forma de um longo “u”. O anfitrião e o principal convidado sentavam-se lado a lado, bem ao centro.
Nessas ocasiões, as mulheres eram excluídas dos salões. Portanto, a entrada de uma dama naquele recinto, mesmo sendo de alta reputação, chocaria fortemente todos os comensais; mais ainda se fosse ela conhecida por seus maus costumes. Foi o que se passou.
Há muito que Maria Madalena havia provado o vazio e a mentira do pecado. Sua alma delicada, ansiava uma oportunidade para mudar de vida, mas as circunstâncias a impediam de realizar esse bom intento. Por pura fraqueza caíra naqueles horrores. Mas, em seu coração feminino, guardava uma grande admiração pela virtude e — por incrível que pareça — em especial pela pureza. Sua sensibilidade física a arrastava às enganosas delícias da carne e, portanto, à ofensa grave a Deus; mas a espiritual a convidava à paz de consciência, ao amor ao Criador.
No auge desse dilema, depois de muito implorar socorro ao Céu, ouviu falar do surgimento de um grande profeta em Israel, taumaturgo em altíssimo grau: os paralíticos andavam, os cegos enxergavam, os surdos ouviam, os mudos falavam e até os mortos ressuscitavam. Afinal, pensou ela, chegara o remédio para todos os males que atormentavam seu espírito tão carregado de recriminadoras aflições. Ela se considerava monstruosa e não via a hora em que pudesse sentir-se purificada de suas manchas. Por debaixo daquela lama imunda havia uma pele de arminho que ardia de anseios de limpeza.
As primeiríssimas reações de sua alma em relação a Jesus foram da mais entranhada simpatia. Desde o início, ela O amou mais do que a si própria e anelava pela oportunidade de se aproximar d’Ele. Assim, “quando soube que estava à mesa em casa do fariseu”, decidiu enfrentar os rigorismos sociais e entrar na sala da ceia. Para chegar onde estava o Divino Mestre, deu a volta pelo lado externo da mesa e “colocando-se a seus pés, por detrás d’Ele, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-os com os cabelos da sua cabeça, beijava-os, e os ungia com o perfume”, que trouxera num frasco de alabastro.

Antes, por sua concupiscência, andava irrequieta a atrair a atenção de todos para si; agora se ajoelha para servir. Os olhos com os quais ofendera a Deus por sua curiosidade irrefreada, choravam de dor pelo passado. Seus cabelos, outrora vaidosamente penteados, ela os utilizava nesse momento como fino linho para enxugar os pés do Senhor. Os lábios que tanto proferiram palavras de insensatez consagravamse em beijar aqueles divinos pés. Por fim, elevava à categoria de instrumento de louvor o perfume usado em outras eras para açular sua vaidade. “Assim, esta mulher pecadora tornou-se mais honesta que as virgens, depois de se consagrar à penitência e se dedicar a amar a Deus. E tudo quanto dela se disse [no versículo 38] passava-se exteriormente, mas o que movia sua intenção, e só Deus via, era muito mais cheio de fervor” (7).
Continua no próximo post.

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