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domingo, 2 de junho de 2013

EVANGELHO X DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO C - 2013

CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO – 10º DOMINGO DO TEMPO COMUM Lc 7, 11-17
Contrariando a Lei de Moisés
14a “Aproximou-Se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam”.
A seguir, Ele tocou no esquife. Os que estavam conduzindo o defunto pararam surpresos, percebendo que algo de inusitado ia acontecer, uma vez que só a eles era permitido esse gesto, pois “reputava-se imundícia nos homens tudo quanto estava corrompido ou exposto à corrupção. E como a morte é corrupção, o cadáver era considerado como imundo”. 12 A Lei preceituava expressamente certas abluções e purificações para todo aquele que tivesse contato com um morto (cf. Nm 9, 6-7; 19, 11-13). Tanto mais que, segundo o costume, o caixão não era fechado, e o corpo, já embalsamado e envolto em um lençol, era transladado sobre uma maca, à vista de todos, tendo a cabeça coberta por um sudário, que de vez em quando levantavam para ver o rosto. 13 Assim, pôr a mão sobre o féretro significava fazê-lo quase no cadáver. No entanto, Nosso Senhor — e este é um ponto fundamental — não teve repugnância nem receio algum de tocá-lo.
Um milagre que superava todos os anteriores
14b “Então, Jesus disse: ‘Jovem, eu te ordeno, levanta-te!’”.
Ora, o Mestre iniciara sua pregação havia já certo tempo, operara milagres, impressionando as multidões, e sua fama se havia propagado por toda a região (cf. Lc 4, 37; 5, 15). Agora, porém, Ele vai fazer um prodígio que superará em majestade e poder todos os outros antes realizados. Bastaria um simples ato de sua vontade divina para fazer a alma do jovem retornar ao corpo. Todavia, a fim de não haver dúvida de que era Ele mesmo o Autor daquela ressurreição, com voz imperiosa, deu ao morto a ordem de se levantar. “Eu te ordeno” era uma fórmula que nunca havia sido usada por nenhum taumaturgo da História, nem por Elias, a quem a primeira leitura deste domingo contempla ressuscitando o filho da viúva de Sarepta só depois de grandes súplicas e um prolongado cerimonial (cf. I Rs 17, 17-22); nem mesmo por Eliseu, ao devolver à sunamita o filho que havia perdido (cf. II Rs 4, 32-35); nem sequer por Moisés ou Josué, ao abrir as águas do Mar Vermelho ou do rio Jordão (cf. Ex 14, 21; Js 3, 15-17). O “Eu te ordeno”, só Deus, dominador absoluto de toda a criação, Senhor da vida e da morte, podia dizer. “Mostra Cristo com essas palavras que o ressuscita por sua própria autoridade e mandato, e não com poder alheio. Fala ao que estava morto, porque é Deus, cuja voz só pode se fazer ouvir pelos próprios mortos”.14 Isto era suficiente para que todos os presentes cressem em sua divindade.
Um gesto de divina delicadeza
15 “O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe”.
O Evangelista não narra as circunstâncias da morte do jovem, nem o momento em que esta se dera; contudo, podemos afirmar com certeza que tanto a multidão de Naim como também os que acompanhavam Nosso Senhor, haviam constatado o falecimento, dada a imobilidade e a rigidez do corpo. Subitamente, o cadáver toma vida, senta-se na maca em que estava sendo transportado e começa a falar. Imaginemos o impacto de tal cena e o “estremecimento de espanto [que] invadiu o ânimo de todos ante aquela manifestação da divindade de Cristo”.15
Uma vez feito o milagre, Jesus bem poderia retirar-Se, mas, num gesto de divina delicadeza, entregou o ressuscitado à mãe, como se lhe dissesse com acento cheio de bondade: “Não te disse para não chorares? Aqui está o teu filho”. Podemos conceber a alegria da mãe: sem dúvida, a tristeza de ter assistido à morte do filho e de vê-lo rumar para o túmulo foi largamente superada pelo gozo experimentado naquele instante. Nem mesmo a felicidade do dia em que recebera o menino nos braços, depois de nascer, se igualou à desse momento, no qual o filho lhe era restituído pelas mãos do próprio Deus.

Imaginemos, também, o júbilo do jovem, depois de ter atravessado os umbrais da morte, ressuscitando com mais vigor do que tivera durante toda a sua existência anterior, pois, embora o Evangelho nada afirme a tal respeito, é preciso frisar, com convicção, que a saúde dada por Nosso Senhor a ele não pode ter sido igual à que sua mãe lhe transmitira ao concebê-lo, devido à diferença infinita entre o poder da mãe e o de Jesus Cristo, Homem e Deus verdadeiro. A partir daquele instante, então, o jovem teve maior vitalidade, pôde trabalhar com redobrada energia e deu à sua mãe um conforto extraordinário. Sem dúvida, terá assistido entre lágrimas à morte dela, pensando em quem, anos antes, o ressuscitara.

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