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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Evangelho XXII Domingo do Tempo Comum – Ano A – Mt 16, 21-27

Continuação dos comentários ao Evangelho 22º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Mt 16, 21-27
Pergunta feita com divina didática
Depois de ter convivido alguns anos com os Apóstolos, durante os quais atestara sua divindade por meio de inumeráveis milagres, pergunta-lhes Jesus: “No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?” (Mt 16, 13). Embora soubesse a resposta desde toda a eternidade, desejava formar seus discípulos, fazendo-os deduzir por si mesmos o cumprimento das profecias a respeito do Messias.
A essa pergunta, cada qual relata o que ouvira dizer. Para alguns, seria Ele João Batista ressuscitado, como suspeitara até o próprio Herodes. Hipótese, aliás, absurda, pois muitos haviam testemunhado o encontro de Jesus com o Batista, às margens do Jordão. Julgavam outros ser Elias, conforme a crença muito arraigada entre os judeus, de uma vinda do Tesbita precedendo o Messias. Outros, enfim, opinavam tratar-se de Jeremias ou algum dos numerosos profetas enviados pelo Senhor ao povo eleito. De qualquer forma, vê-se pelo teor das respostas ser Ele considerado um homem extraordinário pelos judeus, dos maiores que Israel jamais conhecera.
Em seguida, o Divino Mestre inquire o parecer dos Apóstolos, visando fazer partir deles próprios o reconhecimento da sua divindade e vincando assim sua separação do resto do povo hebreu descrente. O próprio tom da pergunta — “E vós, quem dizeis que Eu sou? (Mt 16, 15) — convida-os a formarem “uma opinião mais elevada a respeito d’Ele, sem se rebaixarem a seguir o julgamento da multidão”.2
Essa divina didática deu ocasião à proclamação de Fé de Pedro, representando todos os Apóstolos, de maneira a aprofundar neles a convicção de ser Jesus, de fato, o Messias prometido. Precisavam eles ter essa certeza bem arraigada na alma, à vista das provações que deveriam enfrentar em breve.
O prêmio da proclamação de Fé feita por Pedro
Ao afirmar ser Nosso Senhor o Filho de Deus vivo (cf. Mt 16, 16), recebeu Simão, o filho de Jonas, esta admirável resposta: “Não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos Céus” (Mt 16, 17). Pois é impossível ao homem, por si, chegar ao conhecimento do maravilhoso mistério da união hipostática.
O prêmio dessa proclamação de Fé foi a solene consagração recebida: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18). Ficou assim constituído Príncipe dos Apóstolos, o Chefe e a pedra basilar da Igreja de Cristo.
É esse mesmo Pedro, o único Papa nomeado diretamente por Cristo, quem vai protagonizar o episódio do Evangelho hoje comentado.
II – Anúncio da Paixão e reação dos Apóstolos
“Naquele tempo 21 Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.
Aproximava-se a Páscoa. Conviviam os apóstolos havia alguns anos com um Taumaturgo extraordinário que ensinava uma doutrina nova, oposta às ideias correntes tanto nos povos pagãos quanto entre a maior parte dos judeus, e em tudo manifestava uma superioridade ao mesmo tempo atraente e intrigante, cercada de misteriosa aura.
Com o tempo, foram os olhos dos discípulos gradualmente se abrindo, à medida que se aprofundavam no conhecimento e cresciam na admiração ao Mestre, até o dia em que a graça lhes mostrou tratar-se do próprio Deus encarnado. Provavelmente essa realidade foi se tornando clara para cada um em distintas ocasiões, de modo talvez relacionado com a respectiva luz primordial.3 Ora tal milagre, ora tal palavra ou tal gesto de Jesus representava para este ou aquele a gota que fazia o coração transbordar de amor.

A proclamação de Pedro, bem podemos conjecturar, viera acompanhada de inusitadas graças sensíveis, criando entre os discípulos um ambiente de muita alegria e consolação espiritual, fazendo-os compreender o sublime momento que viviam. E Nosso Senhor aproveita a oportunidade para anunciar-lhes de modo explícito a sua Paixão: em Jerusalém Ele sofreria muito “da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei”, seria morto, mas ressuscitaria ao terceiro dia.
Continua no próximo post

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