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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

COMENTÁRIO AO EVANGELHO DA FESTA DE NOSSA SENHORA APARECIDA

CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO Jo 2, 1-11 - BODAS DE CANÁ
Não buscar dinheiro ou beleza, ao casar-se
Ditoso o homem que tem uma virtuosa mulher, porque será dobrado o número de seus anos. (...) A mulher virtuosa é uma sorte excelente, é o prêmio dos que temem a Deus e será dada ao homem pelas suas boas obras” (Ecli 26, 1 e 3). Muitos conselhos poderíamos colher da Escritura e da espiritualidade da Igreja sobre as qualidades do matrimônio e sobre o quanto deve ele basear-se na virtude e na santidade, e não em motivos inferiores como a beleza física e o dinheiro. Fazer consistir nestes valores as razões essenciais de uma união indissolúvel, é sinal de completa insensatez, pois a beleza física se desfaz com o passar dos anos e a riqueza de um cônjuge pode trazer muita aflição de espírito. Adverte-nos ainda o Eclesiástico: “Não olhes para a formosura da mulher, e não cobices uma mulher pela sua formosura” (25, 28). “Todo o preço é nada em comparação com uma alma casta” (26, 20).
Por intercessão de Maria
E foi numa festa nupcial que, a pedido de sua Mãe, Jesus quis realizar seu primeiro milagre, para assim tornar patente aos olhos do mundo o quanto o matrimônio deve ser tomado como uma via de santificação.
Maria já se encontrava nas bodas quando chegaram Jesus e seus discípulos. Bem se pode imaginar a emoção da Santíssima Virgem ao conhecer os neo-seguidores de seu Filho. Certamente Ela os tratou, logo de início, com um carinho maternal todo feito de amor. Ali começou a se explicitar sua proteção especial por aqueles que resolvem entregar-se a Nosso Senhor Jesus Cristo. Não terá sido também em consideração aos Apóstolos — além de sua delicada atenção para com os nubentes — que Nossa Senhora pediu um milagre a Jesus?
IV — A MEDIAÇÃO EFICAZ E A ONIPOTÊNCIA SUPLICANTE DE MARIA
À margem do profundo respeito havido no diálogo entre Mãe e Filho, a narração de São João permite levantar uma conjectura. Não é impossível que, ao longo de 30 anos de vida doméstica pervadida de afeto e mútua compreensão, o Filho tenha revelado à Mãe os grandiosos mistérios da Eucaristia. E, neste caso, Maria poderia ter pensado que havia “chegado a hora” da instituição desse Santo Sacramento e se inflamado no desejo de novamente receber em seu interior — já não como gestante, mas em sua Primeira Comunhão — o seu Filho, sob as Espécies Eucarísticas.
Ao lado de incontáveis hipóteses plausíveis, uma é inteiramente certa: Jesus operou esse milagre, por intercessão de Maria, para inculcarnos a convicção de que, apesar de não haver chegado a hora, por uma palavra dos lábios da Mãe, Ele nos atenderá.
Eis que em Caná abriu-se uma nova era na espiritualidade do gênero humano, com a inauguração de um especial regime da graça.
Ademais, em Caná, Maria nos ensina algo muito importante. Numa análise superficial, parece inexplicável a atitude de Nossa Senhora, pois, apesar da negação de Jesus, Ela ordena aos criados fazerem tudo quanto Este lhes dissesse. Não havia Ele dito que não chegara ainda sua hora? Fica, portanto, em quem lê o Evangelho, a impressão de Maria não ter feito caso dessa resposta negativa.
Esclarecem-nos os teólogos ser esta atitude de Maria — à primeira vista um tanto obscura — uma excelente lição para nós.
Nem todas as determinações de Deus são absolutas. Há algumas que são condicionadas aos desejos e reações nossas. Ou seja, elas se cumprirão ou não, dependendo da manifestação de nossas disposições. Se Maria não tivesse recomendado aos serventes que agissem de acordo com as orientações de Jesus, os nubentes e seus convidados não teriam tomado o melhor dos vinhos da História, nem os Apóstolos assistido a tão grandioso milagre.
De onde se conclui ser importante rezarmos a Deus com fervor e constância, manifestando-Lhe nossas necessidades, pois é possível que Ele esteja à espera de nossa atitude para seguir uma ou outra via. Em Caná, aprendemos de Maria o quanto Deus quer a nossa colaboração em sua obra.

Devido a esse sublime papel de medianeira e de onipotência suplicante da Santíssima Virgem, que se inicia publicamente nas Bodas de Caná, talvez pudéssemos dividir a História da espiritualidade em duas grandes eras: antes de Maria e depois de Maria.

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