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sábado, 11 de outubro de 2014

EVANGELHO DO XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - Mt 22, 15-21

COMENTÁRIO AO EVANGELHO DO 29º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A - Mt 22, 15-21
DAR A CÉSAR, OU DAR A DEUS?
O homem foi criado por Deus para viver em sociedade, sob duas autoridades: a temporal e a espiritual. Qual deve ser sua atitude ante uma e outra? Eis o tema do Evangelho do 29º domingo do tempo comum.
“Reuniram-se então os fariseus para deliberar entre si sobre a maneira de surpreender Jesus nas suas próprias palavras. Enviaram seus discípulos com os herodianos, que lhe disseram: Mestre, sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus em toda a verdade, sem te preocupares com ninguém, porque não olhas para a aparência dos homens. Dize-nos, pois, o que te parece: É permitido ou não pagar o imposto a César? Jesus, percebendo a sua malícia, respondeu: Por que me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda com que se paga o imposto! Apresentaram-lhe um denário. Perguntou Jesus: De quem é esta imagem e esta inscrição? De César, responderam-lhe. Disse-lhes então Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 15-21).
Não há situação estática na vida moral
Nossa vida moral se encontra sempre em movimento. Em outras palavras, na escala de valores entre o extremo do bem e o extremo do mal, ninguém fica parado num grau determinado. Todos estamos de algum modo caminhando, ainda que muito devagar e imperceptivelmente, em direção a um dos pólos, ou embaraçados num vaivém contínuo. Há, também, acelerações para uma direção ou outra, resultantes de um grande ato de virtude ou de um gravíssimo pecado. Nessa escala, portanto, o movimento é constante, como acentuam inúmeros teólogos.
Ora, diante do Filho do Homem, esse fenômeno passou-se de forma intensa no coração de todos os que tiveram a graça de O conhecer, e, mais ainda, de com Ele conviver. Maria Santíssima não fez senão ascender a cada instante na sua já tão alta união com Deus. Em contrapartida, os adversários de Jesus cresceram de modo contínuo no ódio a Ele.
Os fariseus chegaram a um grande grau de indignação ao ouvir dos lábios do Divino Mestre parábolas ao mesmo tempo severíssimas e de clara aplicação a eles, como a dos vinhateiros homicidas, e a da festa de núpcias, como conta o Evangelho:
“Ouvindo isto, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que era deles que Jesus falava. E procuravam prendê-lo; mas temeram o povo, que o tinha por um profeta” (Mt 21, 45-46).
Foi essa a circunstância que os levou a se reunirem urgentemente em conselho. Esse mesmo episódio é mencionado em outros termos por São Marcos (Mc. 12, 12-13).
Tanto pela narração de um, quanto pela do outro evangelista, fica patente o dilema no qual se encontravam os fariseus. De um lado, desejavam prender Jesus para matá-Lo. De outro lado, era lhes impossível agir neste sentido, pois os milagres, as palavras e a própria figura do Divino Mestre arrebatavam o povo, que não O abandonava um instante sequer. Como realizar esse horroroso crime contra alguém constantemente rodeado de fiéis? Agarrá-Lo na calada da noite, de forma inesperada, seria o ideal, mas impossível também, uma vez que o Redentor jamais lhes dava a oportunidade de saber onde Ele estaria após o cair do sol.
Uma cilada para Nosso Senhor
Desse modo, não havia para eles outra alternativa senão armar uma cilada ao Divino Mestre, tentando desacreditá-Lo diante da opinião pública. Abandonado por seus seguidores, Ele se tornaria uma presa fácil. Melhor ainda se conseguissem arrancar d’Ele uma afirmação de rebeldia contra o poder romano...
Longe ia o tempo em que o povo judeu dependia da proteção dos romanos para fazer face aos adversários. Desaparecido o perigo, tornava-se difícil compreender as vantagens do pagamento de um tributo ao Imperador.
Precisamente naquela época acentuava-se entre os judeus o cansaço por se encontrarem, havia séculos, dependentes do poder estrangeiro, ao que se somava uma ânsia pela vinda de um Messias, considerado como o instaurador do poder israelita sobre todas as nações. As conversas e debates sobre tais questões, fortemente entrelaçadas com outras, de ordem moral, estavam na ordem do dia em todos os rincões de Israel.

Foi nesse contexto histórico que Jesus veio pregar a Boa Nova. Ora, uma palavra orientadora d’Ele, sobre matéria tão candente, seria ouvida com incontida avidez. Os fariseus quiseram se aproveitar desse clima emocional para armar uma astuta e maldosa cilada ao Senhor: reuniram-se, pois, “para deliberar entre si sobre a maneira de surpreender Jesus nas suas próprias palavras”.
Continua no próximo post

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