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quarta-feira, 25 de março de 2015

EVANGELHO DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR

CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR
Crucificado e triunfante!
Em sua infinita sabedoria, o Verbo onipotente promoveu que a cruz fosse um símbolo de horror, rejeição e repugnância; e, depois, ao Se encarnar, abraçou-a para nos redimir e cumprir a vontade do Pai. Desde então a Cruz tornou-se a maior honra, o maior triunfo, a maior glória; no dizer de São Leão Magno,3 transformou-se em cetro de poder, troféu de vitória, signo de salvação. Ela passou a ser o cimo das torres das igrejas, o centro das condecorações, o ponto mais alto das coroas e o sinal que distingue um filho de Deus de um filho das trevas.
Quando Nosso Senhor estava já exangue na Cruz, chagado da cabeça aos pés, prestes a render seu espírito, os sinedritas zombavam d’Ele, dizendo: “A outros salvou, a Si mesmo não pode salvar! O Messias, o Rei de Israel... que desça agora da Cruz, para que vejamos e acreditemos!”. Com muita proprieda de São Bernardo de Claraval comenta este trecho: “O língua envenenada, palavra de malícia, expressão perversa! [...] Pois, que coerência há em ter de descer, se é Rei de Israel? Não é mais lógico que suba? [...] Ou por outra, por ser Rei de Israel, que não abandone o título do reino, não deponha o cetro aquele Senhor cujo império está sobre seus ombros”.4
E foi o que aconteceu. Ao terceiro dia Ele ressuscitou, e no quadragésimo ascendeu ao seu Reino Celeste, onde está sentado à direita do Pai, dominando o mundo inteiro. Rei absoluto, Ele não desceu, mas subiu!
III – A CRUZ SE TRANSFORMA EM GLÓRIA NA ETERNIDADE
A fim de aproveitarmos bem as graças da Semana Santa que hoje se inicia, é necessário que nos compenetremos de que, muito mais que com ramos de palma nas mãos devemos acolher Nosso Senhor com determinações interiores e propósitos, e com a firme convicção de que fomos criados para servir o Homem-Deus, cada qual no seu estado de vida, seja constituindo família, seja como religioso.
Jesus me convoca a segui-Lo! Valendo-se de uma expressiva imagem, São Roberto Belarmino pondera: “Quem vê seu capitão lutar por seu amor, com tal perseverança em lide tão penosa, recebendo tantas feridas e padecendo tão grandes dores, como não se animará a combater a seu lado, a fazer guerra aos vícios e resistir até morrer? Cristo batalhou até vencer e alcançar glorioso triunfo sobre seu inimigo [...]. E se Cristo pelejou com tão grande perseverança, seu exemplo deve dar sumo alento a todos os seus soldados para não se afastarem de sua cruz, e sim pugnar a seu lado até vencer”.5 Eu estarei com Ele, quer na entrada triunfal em Jerusalém, aclamando-O como Rei, quer na Via-Sacra, carregando minha cruz às costas, ou sobre o Gólgota, nela pregado. Será por meio desta cruz que eu obterei a glória da ressurreição, e conviverei com Ele por todo o sempre na verdadeira Jerusalém, a Jerusalém Celeste!
Ao transpor as muralhas desta esplendorosa cidade, “tabernáculo de Deus com os homens” (Ap 21, 3), teremos um autêntico Domingo de Ramos e entenderemos que a cerimônia da qual hoje se participa é mero símbolo dos “bens que Deus tem preparado para aqueles que O amam” (I Cor 2, 9). Entretanto, aqueles que persistiram numa concepção mundana e desviada a respeito de Nosso Senhor, negando-se a aceitá-Lo como Ele é, terão um eterno domingo de fogo, enxofre, ódio e revolta!
Peçamos a graça de Compreender que é através da cruz que chegamos à luz “Per crucem ad lucem!” e não há outro meio de conquistar a alegria sem fim. Que a cruz seja a companheira inseparável de cada um de nós até o momento de ingressarmos na Visão beatífica, e continue junto a nós por toda a eternidade, como magnífica auréola de santidade, resplendor de glória.
1 BOSSUE Jacques-Bénigne. Méditations sur l’Évangile. La dernière semaine du Sauveur. Sermons ou discours de Notre Seigneur depuis le Dimanche des Rameaux jusqu’à la Cène. PrJour. In: OEuvres choisies. Versailles: Lebel, 1821, v.11, p.116; 118.
2) SANTO AGOSTINHO. Sermo XCV, n.4. In: Obras. Madrid: BAC, 1983, v.X, p.632.
3) Cf. SAO LEAO MAGNO. De Passione Domini. Sermo VIII, hom.46 [LIX], n.4. In: Sermons. Paris: Du Cerf, 1961, vIII, p.59.
4) SAO BERNARDO. Sermones de Tiempo. En el Santo Día de la Pascua. Sermón I, n.1-2. In: Obras Completas. Madrid: BAC, 1953, v.1, p.497-498.

5) SÃO ROBERTO BELARMINO. Libro de ias Siete Palabras que Cristo habló en la Cruz. Buenos Aires: Emecé, 1944, p.107-108.

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