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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Comentário Eclesiástico 3, 15-17

Um pecado cometido contra Deus não pode ser reparado, senão por um ser infinito. Só um ser infinito pode equilibrar a balança, porque, em uma ofensa, nós devemos considerar a pessoa que ofende, a ofensa e o ofendido. Quando um desses elementos é infinito, é evidente que pesa nessa balança uma reparação infinita. E, no caso concreto nosso, nós somos criaturas, é verdade, e nossas ações são todas elas limitadas, são todas elas postas dentro da ordem da criação e não do divino, mas, quando nós nos revoltamos contra um Ser infinito, nossa culpa é infinita, e, portanto, nossa reparação deve ter na base um ser infinito que perdoe.

Essa é a história da Encarnação, essa é a história da Redenção; os homens foram redimidos pelo Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo que é Homem e é Criatura, mas é uma criatura que não tem personalidade humana, é uma criatura que está unida intrinsecamente, unida hipostaticamente com a natureza divina. Ele, então, pode perdoar. Deus poderia perdoar todas as nossas faltas. Ele não precisaria da Encarnação, não precisaria da Redenção; Ele é, ao mesmo tempo, o Juiz e  o Ofendido. Mas a Teologia toda coloca a atenção na Redenção operada pela Encarnação do Verbo e pela Paixão e Morte de Cruz; e aí está, de fato, uma fonte de perdão inesgotável e inteiramente satisfatória. 

A caridade feita ao teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, servirá para tua edificação.( Eclesiástico 3, 15-17) 

O pecado tem como objetivo um ser infinito e, portanto, é uma falta infinita. Para ser reparada, precisaria de um ato de um ser infinito ou o perdão de Deus. E aqui está a palavra do Espírito Santo, a palavra irrefutável. O Espírito Santo nos diz aqui que Ele, Deus, perdoa aquele que tem caridade para com o seu pai, porque essa não será esquecida, e servirá para reparar os seus pecados. Como? Então, eu já não tenho mais pai, meu pai morreu. A que se aplicaria isso? 

Eu tenho, na própria vida de Nosso Senhor, um episódio impressionante que é a perda e o encontro do Menino Jesus no Templo.

Ele se destaca de Nossa Senhora e de São José aos doze anos de idade. Depois de três dias O encontram, Ele diz nada mais, nada menos,  que Ele está tratando dos interesses do Pai d’Ele. Nossa Senhora não entendia, porque a aflição em que Ela se encontrava era muito grande; estava acima da compreensão intelectual. Ela não entende, mas aceita. Aceita, porque Ela compreende que há algo por detrás que Ela não entendeu, e São José tampouco entendeu, e aceita também.

O que estava por detrás era justamente este dito: “Quem honra seu pai alcança o perdão dos pecados.” Ele não tinha pecado, mas Ele com isso resgatava os pecadores. Um dos meios de redenção de Nosso Senhor ao pecado da Humanidade foi justamente esse: interessar-se em honrar o seu Pai, ter caridade, ou seja, ter amor para com seu Pai. E, se nós formos colocar a lupa na Sagrada Família, nós vamos ver que a Sagrada Família toda tinha uma harmonia perfeita, perfeitíssima; impossível maior harmonia, por quê? Porque tinha Deus no centro, o Pai estava no centro. Nossa Senhora amava o Pai, José amava o Pai, o Menino Jesus amava o Pai. E, com isso, neste amor ao Pai a harmonia era perfeita.

Dentro da Sagrada Família, os mais poderosos obedeciam aos menos poderosos. Nossa Senhora obedecia a São José, o Menino Jesus obedecia a São José e a Nossa Senhora. Ora, Ele era o Criador deles. E nós temos, dentro da própria Sagrada Família, um princípio de hierarquia, porque, por mais que Jesus fosse poderoso — e o era mesmo, porque Ele era onipotente — mas, uma vez que Ele tinha constituído aquela família, e tinha nascido naquela família, Ele honrava o pai e Mãe, por mais que Ele fosse o Criador de ambos.

Maria era muito mais do que São José. Nossa Senhora tinha ciência infusa. São José penava para compreender bem o que deveria fazer, e, ainda assim, era preciso que viesse um Anjo dizer alguma coisa em sonho. Está bem. Ele era obedecido por Nossa Senhora. Nossa Senhora  colocava-se à inteira disposição  dele.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

Comentários Isaías 40, 25-28

Is 40,25-28
Com quem havereis de me comparar e a quem Eu seria igual? Levantai os olhos a Deus e vede: quem criou tudo isso?
Quem criou as estrelas, a lua, o sol, as nuvens, a cor azul do céu; de onde vem esse azul do céu? Um azul lindíssimo durante o dia, quando o sol está nascendo, que vai mudando de intensidade. Depois, são vários azuis, quando há umas nuvens, são uns azuis que não há artista que consiga imitar. Que tintas podem imitar esse céu? São céus que a gente não vê reproduzido em quadro de Claude Lorrain nenhum, são uns céus lindíssimos. Claude Lorrain é um grande artista, ele imita algo daquilo; nós vemos que, na realidade, as pinturas dele são pinturas extraordinárias, com tintas extraordinárias. Está bem, mas não dão a realidade, a realidade é outra .
Olhe para o alto, esse veludo quase negro que se estabelece numa noite de lua nova. Esse veludo, de um azul que o homem procura imitar, chama-se noite, esse azul é lindíssimo. Nós vemos o homem tentando imitar, em alguma coisa nos faz lembrar, mas a realidade é muito mais bela!
Quem criou tudo isso? Aquele que criou em número o exército das estrelas, chama a cada uma pelo nome; cada uma das estrelas tem nome para Deus. Ele conhece perfeitamente cada uma. Assim como nós conhecemos o planeta Marte, Saturno, Netuno, cada estrela tem seu nome.
Tal é a grandeza e o poder de Deus  que a nenhuma delas falta nome, Ele conhece o nome de todas.
Então porque dizes Jacó e porque falas Israel: minha vida ocultou-se da vista do Senhor. E meu julgamento escapa, ó meu Deus!
Quem é que pode dizer que foi esquecido por Deus? Se Ele não esquece as estrelas, como se esquecerá de um elemento vivo? Nós, às vezes, quando estamos andando, vemos umas formiguinhas. Para nós, é uma formiga. Que diferença há entre uma formiga e outra? Olhando em um microscópio, é claro, uma tem uma pata mais comprida, um chifrinho mais elegante; a outra, um chifrinho meio feio. Para nós, não quer dizer nada, mas Deus conhece cada uma das formigas pelo nome. Para Deus, cada formiga tem um nome. Como é possível que eu julgue que Deus me esqueceu e que o julgamento de Deus desapareceu sobre mim?
Acaso ignoras ou não ouviste? O Senhor é o Deus eterno que criou os confins da terra. Ele não falha, nem se cansa. É insondável Sua sabedoria.
É uma sabedoria que não tem limite, é infinita.

Trecho adaptado para linguagem escrita, sem conhecimento e/ou revisão do autor.