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sábado, 3 de maio de 2014

EVANGELHO – IV DOMINGO DA PÁSCOA – Jo 10, 1 - 10 – ANO A

COMENTÁRIOS AO EVANGELHO – IV DOMINGO DA PÁSCOA – Jo 10, 1 - 10 – ANO A
EVANGELHO Jo 10, 1 - 10
Naquele tempo, disse Jesus: “verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. 2 Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3 A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4 E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.
6 Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que Ele queria dizer Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, Eu sou a Porta das ovelhas. 8 Todos aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a Porta. Quem entrar por Mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10 O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 1 - 10).
O redil só tem uma Porta
O Céu, fechado para a humanidade depois do Pecado original, nos foi aberto para sempre por Aquele que é o Cordeiro, o Bom Pastor e a Porta do redil.
OS GRAUS DE PERFEIÇÃO NA OBRA DA CRIAÇÃO
Quem contempla a natureza criada percebe facilmente uma gradação em que verdade, bondade e beleza se tornam mais intensas e nobres à medida que se sobe na escala dessa magnífica obra de Deus.
Basta observar, por exemplo, no reino animal, uma formiga transportando alimento para o formigueiro. Manifesta ela tal tenacidade e retidão no cumprimento de seu objetivo, que se fosse tomada como modelo de disposicão para o trabatho levaria qualquer país à prosperidade Ou, então, um colibri quando paira no ar e bate as asas com encantadora elegância, de modo tão rápido que nem  é possível distingui-las com nitidez, Ou ainda o esquilo, animal tão ordenado que, além de ser monogâmico, é dotado de certo instinto de propriedade pelo qual defende energicamente seu terreno, não permitindo que ninguém o invada.
No reino humano, por sua vez, existe a hierarquia das diferentes qualidades individuais, e, ultrapassando os limites da mera natureza, destacam-se figuras extraordinárias, como a de São Pedro ou de São Pio X, representantes de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra. No ápice do universo está o próprio Jesus, com duas naturezas, a humana e a divina. E o Criador unido à criação. Portanto, tudo quanto há de verdadeiro, bom e belo nas criaturas encontra n’Ele sua arquetipia. Em Cristo “foram criadas todas as coisas nos Céus e na Terra, as criaturas Visíveis e as invisíveis” (Col 1, 16). A esse respeito, São Tomás propõe uma interessante comparação: “O artesão produz sua obra segundo uma forma por ele concebida interiormente revestindoa, de alguma maneira, de uma matéria exterior; do mesmo modo, o arquiteto constrói a casa conforme o modelo por ele idealizado. E é assim que dizemos de Deus: que Ele tudo fez em sua sabedoria, porque a sabedoria divina com relação às criaturas é como a arte do construtor em relação ao edifício. Ora, esta forma e esta Sabedoria é o Verbo”.1 Eis a razão pela qual podemos vislumbrar reflexos das sublimes perfeições do Homem-Deus em todos os seres criados. Tal pressuposto nos ajudará a entender o Evangelho deste domingo, o qual recolhe a primeira parte do discurso do Bom Pastor.
A PORTA DO VERDADEIRO REDIL
Devemos compreender a presente parábola dentro do quadro político-social e econômico de Israel na época de Nosso Senhor, o que corresponde a uma realidade bem diferente da civilização industrial e globalizada em que vivemos. O pastoreio do qual poucos terão uma noção exata em nossos dias constituiu uma das principais atividades do povo eleito no Antigo Testamento, tendo penetrado profundamente na psicologia, na cultura e nos costumes judaicos. Por conseguinte, as imagens tiradas do cotidiano pastoril eram muito acessíveis aos ouvintes do Divino Mestre. Ele as empregou para referir-se a algo tão elevado que é impossível de ser traduzido a não ser por símbolos: Deus feito Homem cuida com toda a perfeição de cada um de nós, como de uma ovelha muito querida. Nosso Senhor Jesus Cristo Se sente representado por um Pastor ideal, zeloso e dedicado. Em consequência, a figura heroica do pastor adquiriu um cunho sagrado e, com o tempo, passou a adornar paredes de catacumbas, objetos litúrgicos, túmulos, monumentos sacros, entre outros, como designação corrente d’Aquele que veio ao mundo para salvar suas ovelhas.
O redil, exigência do cuidado do rebanho
Naquele tempo, disse Jesus: l “Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante”.
Muitas vezes os pastores tinham de arriscar a própria vida para defender as ovelhas, pois, além de não existirem armas eficazes como as atuais, em geral eles eram pessoas pobres, dispondo apenas de um cajado para enfrentar os lobos e os ladrões. Tão frequentes eram os assaltos aos rebanhos, que os pastores costumavam se congregar para terem maior segurança e, à noite, recolhiam todas as ovelhas num grande redil. Um deles ficava de vigília, à entrada, e se revezavam ao longo das horas. Esta era a única passagem para entrar e sair do aprisco, sendo usada tanto pelos animais quanto pelos donos.

Os ladrões, entretanto, nunca transpunham a porta para realizar seus intentos, mas faziam um rombo na cerca, por onde penetravam e levavam as ovelhas.
Continua no próximo post

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Evangelho III Domingo da Páscoa – Lc 24, 13-35 – Ano A

CONCLUSÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO 3º DOMINGO DA PÁSCOA - Lc 24, 13-35 - ANO A
Ora, nós esperávamos que Ele fosse o que havia de libertar Israel; depois de tudo isto, é já hoje o terceiro dia, depois que estas coisas sucederam.
O verbo “esperar”, empregado no passado, dá bem ideia da decepção na qual se encontravam ambos. Suas atenções estavam concentradas, sobretudo, na possível libertação do domínio dos romanos. Ademais, julgando Jesus destinado a ser um Rei deste mundo, não podiam admitir que Ele não tivesse poder para libertar-se da sentença de morte que Lhe fora infligida. Entretanto, se bem estivessem com a virtude da fé um tanto abalada, restava-lhes ainda uma esperança, era a promessa proferida por Jesus em várias ocasiões sobre sua ressurreição ao terceiro dia.
É verdade que algumas mulheres, das que estavam entre nós, nos sobressaltaram porque, ao amanhecer, foram ao sepulcro 23 e, não tendo encontrado seu corpo, voltaram dizendo que tinham tido a aparição de anjos que disseram que Ele está vivo. 24 Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam que era assim como as mulheres tinham dito; mas a Ele não O encontraram.
É patente o quanto a tristeza, a perplexidade e até a perturbação, penetravam o âmago de suas almas. A narração é toda ela hipotética, nada feita de certeza. De fato, o povo eleito sempre foi privilegiado por uma robusta lógica, e, diante da pura inteligência humana, como explicar aqueles acontecimentos todos?
Segundo os cânones do pensamento humano, com a trágica morte do Divino Mestre, todas as esperanças haviam terminado, por mais que as melhores testemunhas afirmassem ter desaparecido seu corpo. O próprio São Paulo diria mais tarde: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, é também vã a nossa fé” (I Cor. 15,14). Mas, a prova de sua ressurreição ainda não se havia consumado oficialmente. Assim sendo, quais os elementos para crerem? Só as palavras dos profetas e do próprio Jesus? Sendo afirmações e promessas feitas pela Verdade Absoluta, era preciso admiti-las como reais. Entretanto, longe dos acontecimentos é sempre mais fácil o exercício da virtude da fé, e a proximidade dos mesmos lhes turvava a compreensão e dificultava a inteira adesão da inteligência e da vontade. Apesar de discípulos, ambos haviam se olvidado do que lhes tinham dito seus ancestrais na Religião.
Então Jesus disse-lhes: “Ó estultos e lentos do coração para crer tudo o que anunciaram os profetas! 26 Porventura não era necessário que o Cristo sofresse tais coisas, para entrar na sua glória?”
Sim, era-lhes necessário crer na Escritura, como São Pedro diria mais tarde: “Atendei antes de tudo a isto: que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular. Com efeito, a profecia nunca foi proferida por vontade humana, mas, movidos pelo Espírito Santo, certos homens falaram da parte de Deus” (II Ped 1, 20-21). Por isso, mais vale crer no testemunho dos profetas do que em nossos sentidos. Aqueles não falham, estes porém, não raras vezes nos enganam. Para crer, não lhes era indispensável ter acompanhado ao túmulo as santas mulheres, nem Pedro e João, bastava-lhes recordarem as assertivas das Escrituras sobre a Ressurreição, tanto mais que as da Paixão já se haviam cumprido tais quais. E, sobretudo, não podia pairar a menor fímbria de dúvida na palavra do Salvador. “Verbum Domini manet in aeternum” (I Pd 1, 24), a palavra de Deus permanece eternamente.
Em seguida, começando por Moisés e discorrendo por todos os profetas, explicava-lhes o que d’Ele se encontrava dito em todas as Escrituras.
Pode-se, às vezes, conhecer as Escrituras todas de cor, mas, nem por isso, saber conjugar seus trechos a fim de melhor entender sua aplicação aos casos concretos. Quanto às citações, nada era novo aos dois discípulos. Quanto à interpretação das mesmas, porém, as explicações de Jesus constituíram certamente uma atraentíssima e magistral aula de exegese. Quem não desejaria assistir a ela? Que grande privilégio o daqueles dois! Certamente, o Divino Mestre deve ter-lhes mostrado, através de luminosas palavras e de especiais graças, o quanto era errôneo o conceito unânime no povo eleito a respeito de um Messias triunfante, restaurador de seu poder político-social e instaurador de uma influente e prestigiosa supremacia sobre as outras nações. A Escritura Lhe serviu de argumento irrefutável para os objetivos da formação que desejava dar-lhes.
Aproximaram-se da aldeia para onde caminhavam. Jesus fez menção de ir para mais longe. 29 Mas os outros insistiram com Ele, dizendo: “Fica conosco, porque faz-se tarde e o dia já declina”. Entrou para ficar com eles.
A delicadeza e a didática em substância se unem nesse gesto do Salvador ao “fazer menção” de ir adiante. Assim, incentiva-os não só a convidá-Lo a permanecer com eles, como também a conferir à sua companhia o devido valor. Eles O convidam e até insistem, apresentando como argumento a hora tardia. Exemplo para nós: quando rezamos, trata-se de usar de pertinácia, pois, dessa forma, “Jesus entrará para ficar conosco”. Caso contrário, Ele seguirá adiante.
Estando com eles à mesa, tomou o pão, abençoou-o, partiu e lho deu. 31 Abriram-se os seus olhos e reconheceram-No; mas Ele desapareceu da vista deles.

Terá Jesus, nessa hora, operado a transubstanciação? Eis uma questão muito debatida nos séculos XVI e XVII entre duas correntes teológicas. Uma conclusão clara a esse respeito ainda está por fazer-se, entretanto, por mais que não se tivesse dado a consagração eucarística, estava ela ali figurada. E é indiscutível ser esse Sacramento fundamental para nos fortalecer na fé e fazê-la crescer, sobretudo no tocante ao mysterium fidei que enfeixa a Paixão e a Ressurreição do Redentor. A Eucaristia nos dá a vida sobrenatural que tem seu fundamento na fé. Crer na ressurreição de Cristo é absolutamente necessário para nossa salvação e, sem essa crença, é impossível nosso próprio progresso na vida espiritual. Quanto mais se torne efetiva e robusta nossa fé em Cristo ressurrecto, maior será nosso afervoramento e união com o Redentor, como também mais superabundantes serão os frutos dessa belíssima festa instituída pela Santa Igreja.
Disseram então um para o outro: “Não é verdade que nós sentíamos abrasar-se-nos o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” 33 Levantando-se no mesmo instante, voltaram para Jerusalém. Encontraram juntos os onze e os que estavam com eles, 34 que diziam: “Na verdade o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão”. 35 E eles contaram também o que lhes tinha acontecido no caminho, e como O tinham reconhecido ao partir o pão.
Os versículos finais nos retratam com muita viveza e piedade os efeitos dessa primeira aparição de Jesus a dois fiéis da Igreja nascente, sendo especialmente digno de nota o testemunho da ação da graça mística nas almas de ambos, enquanto Jesus lhes discorria sobre as Escrituras (v. 32).
É tal o apreço de Deus por sua própria Palavra que Ele sempre faz acompanhar de generosos auxílios o estudo, interesse e piedade aplicados ao conhecimento amoroso dos textos sagrados.
1 ) Cf. Mt 18, 20.
2 ) Cf. Jo 20, 14-17.
3 ) Cf. Jo 21, 4-22.
4 ) Teología de la Salvación, BAC, Madrid,
1997, p. 486.
5 ) Cf. Is 49,10; Ap 7, 15; Mt 21, 43; São Tomás de Aquino, Suma contra os Gentios, IV, 86.
6 ) Cf. Pe. Royo Marín, OP, op. cit., p. 507.
7 ) Professores de Salamanca, Bíblia Comentada, Vol. II, BAC, Madrid, 1994, p. 930.
8 ) Apud Catena Áurea, in Lucam.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Evangelho III Domingo da Páscoa – Lc 24, 13-35 – Ano A

CONTINUAÇÃO DOS COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DO 3º DOMINGO DA PÁSCOA - Lc 24, 13-35 - ANO A
Os seus olhos, porém, estavam como que fechados, de modo que não O reconheceram.
São Lucas nos fornece a hipótese de estarem os olhos dos dois discípulos impedidos de reconhecer o Salvador devido a uma virtude sobrenatural semelhante àquela que havia agido sobre Santa Maria Madalena no Sepulcro (2).
Entretanto, São Marcos afirma que Jesus “apareceu sob outra forma” (Mc 16, 12), ou seja, com fisionomia e talvez até roupas diferentes das que costumava usar. Estas duas versões parecem ser contraditórias à primeira vista e se prestaram durante muito tempo a duas interpretações diferentes.
Hoje, porém, os exegetas são unânimes em atribuir a um efeito do corpo glorioso de Jesus o fato de — tanto nesses dois casos quanto no da aparição aos Apóstolos junto ao Mar de Tiberíades (3) — Ele não ter sido reconhecido.
E por quê? Detenhamo-nos um pouco sobre este particular para melhor entender o que realmente se passou.
“A glória do corpo não é mais do que uma conseqüência e redundância da glória da alma”, diz-nos o grande teólogo Pe. Antonio Royo Marin, OP (4). Em Jesus, esta lei ficou misteriosamente suspensa até o momento da Ressurreição, pois queria Ele ter padecente seu corpo, a fim de poder sofrer.
Desde sua criação, a alma do Salvador sempre esteve na visão beatífica e, portanto, também seu Corpo Sagrado deveria encontrar-se no estado de glória. Ele criou a lei e impediu que se Lhe fosse aplicada. Ora, ao ressurgir dentre os mortos, Ele assumiu seu Corpo glorioso.
É essencial ao homem, a fim de gozar a bem-aventurança eterna, que tanto a alma quanto o corpo sejam glorificados. E assim como nesse novo e último estágio a alma se torna ainda mais semelhante a Deus, o corpo adquire as características da alma.
Ele será impassível, ou seja, não terá a menor enfermidade, dor ou incômodo, nem sequer do mais abrasador dos fogos, ou do mais rigoroso frio, ou até mesmo em meio à impetuosidade das águas; será, portanto, imortal (5). Gozará de sutileza, obedecendo sem resistência aos mínimos anseios da alma, sem sentir o próprio peso nem sofrer a ação da gravidade. Terá agilidade, deslocando-se com a velocidade da imaginação. Por fim, o dom que mais especialmente nos interessa para compreender este versículo, a claridade, devida aos efeitos resplandecentes da suprema felicidade da alma sobre o corpo: “Os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai” (Mt 13, 43).
Ora, como a alma exercerá um domínio absoluto sobre o corpo, suspenderá segundo seu desejo a manifestação deste ao exterior de modo que possa ser visto ou não, tocado ou não, segundo ela determine (6).
Eis aí as razões pelas quais os dois discípulos não reconheceram Jesus ao longo de todo o percurso. “Alguns autores pensam que uma ação sobrenatural era que lhes impedia reconhecer Cristo. Mas a frase do Evangelho [“seus olhos, porém, estavam como que fechados”], não exige que tenha se dado uma ação desse gênero. Aconteceu simplesmente que Cristo ressuscitado apareceu-lhes em corpo glorioso, sob uma forma não mais comum e corrente” (7). Ou então, segundo o comentário de Teófilo: “Apesar de ser o mesmo corpo que havia padecido, já não era visível para todos, senão unicamente para aqueles que Ele quisesse que o vissem; e para que não duvidassem que doravante já não viveria entre a gente, porque seu modo de vida depois da ressurreição já não era humano, mas mais bem divino, uma pré-figura da futura ressurreição, na qual viveremos como anjos e filhos de Deus” (8).
Ele disse-lhes: “Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?” Eles pararam cheios de tristeza.
Pode-se falar em senso psicológico humano ao analisar o relacionamento de Jesus, mas como entender a fundo um Varão que só possui personalidade divina? Seu discernimento dos espíritos é absoluto e, enquanto Pessoa, Ele conheceu desde toda a eternidade não só aqueles dois discípulos, como também o recôndito de suas almas e até mesmo o conteúdo da conversa de ambos; por isso, Ele pergunta apenas para dar início ao diálogo e, assim, ter oportunidade de mais diretamente animá-los.
Quantas vezes em nossa vida, não terá Jesus se aproximado de nós para nos reanimar!...
Um deles, chamado Cléofas, respondeu: “Serás tu o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que ali se passou nestes dias?”
Era de fato incompreensível que um judeu vindo de outras províncias não se inteirasse, ao passar por Jerusalém, dos últimos grandes acontecimentos ali sucedidos. A ressurreição de Lázaro, a expulsão dos vendilhões do Templo, um número incontável de milagres, as arrebatadoras pregações de Jesus e sobretudo sua prisão, condenação e crucifixão, o escurecimento do céu, o tremor da terra, o véu do Templo cindido, o passeio dos justos que haviam saído de seus túmulos — esses eram fatos suficientes para convulsionar a opinião pública. Não havia outro tema para se considerar senão esse, daí a perplexidade manifestada por Cléofas.
Ele disse-lhes: “Que foi?” Responderam: “Sobre Jesus Nazareno, que foi um profeta, poderoso em obras e em palavras diante de Deus e de todo o povo”;
Segundo alguns autores, esta resposta tem sua origem na falta de fé dos dois discípulos, como também no medo de serem presos. Não poderia o forasteiro se escandalizar ouvindo a proclamação da divindade de Jesus?
e de que maneira os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte, e O crucificaram.

Eles narram os fatos com o coração nos lábios e, apesar de extremamente chocados com as atitudes das autoridades religiosas e civis, em nenhum momento manifestam desrespeito ou revolta contra as mesmas. Era um dos resultados obtidos pela ação apostólica de Jesus. O possessivo: “os nossos”, na voz desses discípulos, demonstra claramente a disposição de submissão e até de veneração face aos detentores do poder. Eles não se separam, e menos ainda injuriam. Essa sempre foi a nota distintiva do verdadeiro Cristianismo.
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