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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Evangelho — 12º Domingo do Tempo Comum - Ano B

Comentário ao Evangelho — 12º Domingo do Tempo  Comum - Ano B 
Mons João Clá Dias 
35 Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” 36 Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37 Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38 Jesus estava na parte detrás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” 39 Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40 Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” 41 Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” Mc 4, 35-41
A borrasca: um castigo ou uma graça?
É bem paradigmática — não só para cada alma, mas também para a Igreja — essa tempestade pela qual passaram os Apóstolos: após as borrascas, a Igreja ergue-se sempre mais forte, mais jovem e com a sua beleza incomparavelmente acrescida.
I – Um pouco de História
Entre os grandes sermões sobre o Reino (o da Montanha e o das Parábolas) deu-se a viagem narrada no Evangelho de hoje, tendo como ponto de partida a famosa cidade de Cafarnaum, à qual Jesus e seus discípulos ainda retornariam.
Sempre rodeado de muita gente, conseguia ser mais visto e ouvido por todos quando utilizava a natural inclinação da praia e os momentos de calmaria das águas, ao pregar de dentro de uma barca no Lago de Tiberíades. Esse “mar” de Genesaré, ou da Galiléia, como costumeiramente é chamado, e que se localiza ao nordeste da Palestina, com o tempo passou a ser a fronteira oriental da Galiléia. Tem um tamanho considerável, sobretudo para as diminutas concentrações populacionais daqueles tempos, pois chega a ter 12 quilômetros de largura e 21 de comprimento, com uma superfície de 170 km2, e 12 a 18 metros de profundidade em certas partes.
É junto às margens desse lago que se encontra a famosa cidade de Mágdala, na qual Maria, irmã de Lázaro, decaíra moralmente. Ali viveu durante anos, num castelo à beira das águas, antiga propriedade de sua família. Cidade, naqueles tempos, de grande circulação de mercadorias, de refinado luxo e, como conseqüência, de costumes corrompidos. É nas proximidades desse lago que, além de Cafarnaum, encontramos as outras duas cidades que mais assistiram aos milagres do Senhor, sem se converter: Corozaim e Betsaida.
Nessas regiões Nosso Senhor atuou seguidamente, realizando retumbantes milagres como a multiplicação dos pães e dos peixes, e empreendendo uma de suas mais famosas viagens.
II – O acontecimento
A multidão se espremia a cada instante para melhor acompanhar as maravilhas saídas dos lábios do Salvador. De fato, dissera Ele: “Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4, 4). Todos estavam presos àquela adorável voz. Queriam aproveitar as nesgas de luz solar que ainda restavam, para se alimentar daqueles manjares eternos. Por outro lado, em meio ao cansaço daquela ininterrupta jornada, Jesus planejava lançar mão de um de seus refúgios, assim classificados por São Remígio: “Lê-se que o Senhor teve três refúgios, a saber: o barco, o monte e o deserto. Sempre que a multidão O assediava, refugiava-se em um deles” (1).

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Evangelho XII Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 4, 35-41

Conclusão dos comentários ao Evangelho — 12º Domingo do Tempo  Comum
O “sono” de Jesus em nossa alma
38 Jesus estava na parte detrás, dormindo sobre um travesseiro.
Tal como a tempestade, o sono de Jesus naquele momento parecia ser preconcebido segundo uma finalidade que Ele tinha em vista. Era altamente formativo para seus discípulos sentirem a própria contingência e, assim, serem estimulados a recorrer a Ele em última instância. Com isso estariam criadas as condições para a manifestação de seu poder divino. A esse respeito nos diz São João Crisóstomo: “Se Ele tivesse estado acordado, ou eles não tivessem temido nem tivessem rogado que os salvasse quando a tempestade se levantou, não teriam pensado que pudesse fazer tal milagre” (6).
Com muito acerto, fazem os autores uma aproximação entre esse fato ocorrido com os Apóstolos e o mistério do “sono” de Jesus, que às vezes se repete durante a tempestade pela qual passam nossas almas. Esse “sono” de Jesus poderá ser real ou aparente.
Quando nós nos afastamos de Jesus: “sono real”
Se, por desgraça, abraçamos o pecado mortal, nós nos afastamos de Jesus. Este é o mais terrível dos “sonos”, pois somos nós que O obrigamos a distanciar-Se de nós, além de perdermos a graça santificante. Logo em seguida arma-se a tempestade de nossas más tendências e paixões desordenadas, e submerge nosso senso moral. E se, nessa situação, somos apanhados pela morte, Deus dormirá em relação a nós o “sono eterno” de nossa terrível condenação ao inferno. Não haverá jamais, neste caso, meios de despertá-Lo.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Evangelho XII Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 4, 35-41

Continuação dos comentários ao Evangelho — 12º Domingo do Tempo  Comum
Levantou-se uma grande tempestade
37 Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher.
Essa tempestade não se armou por acaso. Não poucas vezes, por causa de uma preocupação naturalista, quer-se atribuir aos elementos a causa, a força e a glória dos milagres. Essa simplória tendência chama a atenção de certos autores de fama, como, por exemplo, Fillion: “Em cada uma das categorias dos milagres evangélicos já ficaram indicadas as objeções mais comuns e mais recentes do racionalismo, e os princípios que ajudam a refutá-las. Não é, pois, necessário ocupar-nos das elucubrações da crítica liberal acerca dos milagres do Salvador, considerados isoladamente. (3). E, a seguir, o conceituado autor expõe o pensamento de vários dos racionalistas contemporâneos.
Infelizmente, os limites deste artigo não permitem discorrer sobre esse recalcitrante racionalismo, um mal muito mais difundido do que parece. Contra seu dogmatismo, lembremo-nos de que “pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e pelo sopro de sua boca [formaram-se] todos os seu exércitos. Ele junta como num odre as águas do mar; Ele põe as ondas como em reservatórios” (Sl 32, 6-7). Esse é o poder de Deus, muito acima do poder da razão humana, também por Ele criada.
“Começou a soprar uma ventania muito forte”. Alguns autores admitem ter sido essa tempestade ordenada pelo próprio Senhor, e foi ela grande para que grande também fosse o prodígio. Ademais, quanto maior fosse o medo dos seus discípulos, maior seria o alívio de, por Ele, terem sido salvos.
As tormentas interiores

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Evangelho XII Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 4, 35-41

Comentário ao Evangelho — 12º Domingo do Tempo  Comum
Mons João Clá Dias
35 Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” 36 Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37 Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38 Jesus estava na parte detrás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” 39 Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40 Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” 41 Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” Mc 4, 35-41
A borrasca: um castigo ou uma graça?
É bem paradigmática — não só para cada alma, mas também para a Igreja — essa tempestade pela qual passaram os Apóstolos: após as borrascas, a Igreja ergue-se sempre mais forte, mais jovem e com a sua beleza incomparavelmente acrescida.
I – Um pouco de História
Entre os grandes sermões sobre o Reino (o da Montanha e o das Parábolas) deu-se a viagem narrada no Evangelho de hoje, tendo como ponto de partida a famosa cidade de Cafarnaum, à qual Jesus e seus discípulos ainda retornariam.
Sempre rodeado de muita gente, conseguia ser mais visto e ouvido por todos quando utilizava a natural inclinação da praia e os momentos de calmaria das águas, ao pregar de dentro de uma barca no Lago de Tiberíades. Esse “mar” de Genesaré, ou da Galiléia, como costumeiramente é chamado, e que se localiza ao nordeste da Palestina, com o tempo passou a ser a fronteira oriental da Galiléia. Tem um tamanho considerável, sobretudo para as diminutas concentrações populacionais daqueles tempos, pois chega a ter 12 quilômetros de largura e 21 de comprimento, com uma superfície de 170 km2, e 12 a 18 metros de profundidade em certas partes.
É junto às margens desse lago que se encontra a famosa cidade de Mágdala, na qual Maria, irmã de Lázaro, decaíra moralmente. Ali viveu durante anos, num castelo à beira das águas, antiga propriedade de sua família. Cidade, naqueles tempos, de grande circulação de mercadorias, de refinado luxo e, como conseqüência, de costumes corrompidos. É nas proximidades desse lago que, além de Cafarnaum, encontramos as outras duas cidades que mais assistiram aos milagres do Senhor, sem se converter: Corozaim e Betsaida.
Nessas regiões Nosso Senhor atuou seguidamente, realizando retumbantes milagres como a multiplicação dos pães e dos peixes, e empreendendo uma de suas mais famosas viagens.