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sábado, 8 de agosto de 2015

Comentários ao Evangelho Solenidade da Assunção de Nossa Senhora – Lc 1, 39-56

Evangelho Solenidade da Assunção de Nossa Senhora – Lc 1, 39-56
Naqueles dias, 39 Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-Se, apressadamente a uma cidade da Judeia. 40 Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com grande grito, exclamou: “Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43 Como posso merecer que a Mãe do meu Senhor me venha visitar? 44 logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos a criança pulou de alegria no meu ventre.  Bem-Aventurada Aquela que acreditou porque será cumprido o que o Senhor Lhe prometeu”.
46 Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor,  o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, ‘ porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações Me chamarão Bem-Aventurada,  porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor, O seu nome é Santo, 50 e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que O respeitam.
51 Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52 Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias.  Socorreu Israel, seu servo, lembrando-Se de sua misericórdia,  conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. 56 Maria ficou três meses com Isabel: depois voltou para casa (Lc 1, 39-56).
O penhor marial de nossa ressurreição
Na Assunção da Virgem Maria aos Céus, Deus antecipa seu desígnio em relação à humanidade: a ressurreição e triunfo dos justos no dia do Juízo Final.
I - GLORIOSO CUME DE SANTIDADE
Santa Igreja Católica, ao comemorar a Solenidade da Assunção de Maria Santíssima, compõe a Liturgia com um objetivo definido, sintetizado na Oração do Dia:
“Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do Céu em corpo e alma a Imaculada Virgem Maria, Mãe do vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória”.1 Nossa condição humana, tão cheia de lutas e de dramas, e ao mesmo tempo de graças, tende a voltar-se para as realidades concretas que nos cercam — saúde, dinheiro, relações, etc. —, esquecendo-se das maravilhas sobrenaturais, quando na verdade sua contemplação é essencial para nos tornarmos partícipes da glória de Nossa Senhora.
Sinal da importância de nos atermos em primeiro lugar aos bens do alto é que eles nos serão concedidos por todo o sempre, se nos salvarmos. O estado de prova no qual nos encontramos é efêmero e, ao se concluírem os breves dias de nossa existência, entraremos na eternidade, onde viveremos em permanente convívio com Deus, os Anjos e os Santos, no Céu, ou com os demônios e os condenados, no inferno.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Evangelho XIX Domingo do Tempo Comum - Ano B - Jo 6, 41-51

Conclusão dos comentários ao Evangelho do XIX Domingo do Tempo Comum - Ano B - Jo 6, 41-51

A voz do Pai nos atrai e conduz a Cristo
45Está escrito nos profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o Pai, e por ele foi
Uma vez que não acreditavam nas Suas obras, Jesus invoca a autoridade dos profetas, para insinuar que estava se realizando uma das previsões indicativas da chegada da era messiânica.
Fillion assim comenta esta passagem: “O texto citado por Jesus, ‘serão todos ensinados por Deus’, é tomado do profeta Isaías (54, 13) que, num quadro admirável, expõe os benefícios que o Senhor derramará sobre Seu povo na época do Messias. Um de Seus favores mais valiosos consistirá, justamente, em que as almas de boa vontade serão instruídas e atraídas diretamente por Ele”.5
Gomá y Tomás afirma ser este “divino magistério a forma com que Deus atrairá os homens a Si”. Mas, para que a atração seja eficaz, é preciso ouvir Sua voz “como se ouve a voz do mestre, e aprender, ou seja, prestar humilde assentimento àquilo que se ouve: é a conjugação dos dois fatores da vida sobrenatural, a graça e a liberdade”.6
Como se fará ouvir essa voz inefável, se não podemos escutá-Lo e falar com Ele, como o fazia Moisés no Sinai e na Tenda da Reunião, onde Deus lhe falava como a um amigo? (cf. Ex 33, 11).
Santo Agostinho explica mais claramente como se realiza esse ensinamento de Deus: “Muito distante está dos sentidos corporais essa escola na qual o Pai é ouvido e ensina que se vá ao Filho. Porque esta operação, Ele não a realiza pelos ouvidos da carne, mas sim pelos do espírito”.7
Com efeito — explica a teologia mística —, assim como o corpo tem cinco sentidos através dos quais a pessoa entra em contato com o mundo exterior, pode-se atribuir à alma, figurativamente, sentidos por meio dos quais ela se comunica com o mundo sobrenatural.
É possível, então, ouvir a voz de Deus? Sim. Ele pode falar-nos de diversas formas. Sobretudo, quando nos recolhemos para rezar, para ouvir a Palavra, para elevar a alma até Ele. E Deus fala-nos com mais frequência quando fazemos silêncio à nossa volta, dificilmente Ele Se comunica conosco no meio do tumulto, da agitação do corre-corre. Será, por exemplo, durante uma visita ao Santíssimo Sacramento, durante uma celebração litúrgica, num momento de oração ao fim do dia, quando todo movimento cessa e o silêncio da noite convida à reflexão. E como, por vezes, o silêncio é eloquente! É nesses momentos preciosos que o Pai nos fala e nos ensina a ir ao encontro de Seu Filho.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Evangelho XIX Domingo do Tempo Comum - Ano B - Jo 6, 41-51

Continuação dos comentários ao Evangelho do XIX Domingo do Tempo Comum - Ano B - Jo 6, 41-51
O alimento favorece a união dos que o partilham
A alimentação, além da finalidade imediata de manter a vida do homem, tem também um importante papel social: o de unir as pessoas. Por exemplo, é em torno da mesa que a família se reúne diariamente e põe em comum, não só os alimentos, mas também os sentimentos, os ideais, o modo de ser e até os problemas caseiros. É à mesa que se desenvolve a conversa e os pais têm uma das melhores ocasiões de ir formando o espírito dos filhos.
O fato de se sentarem todos juntos para fazer a refeição estabelece um especial traço de união entre os membros de uma família, de um grupo de amigos ou de uma comunidade religiosa, que vai além das simples iguarias para valores mais altos. O alimento possui algo que favorece a união daqueles que o partilham. Os vínculos familiares, sociais ou religiosos se fortalecem e a verdadeira amizade se consolida.
É também em torno da mesa que se realizam as comemorações dos pequenos ou grandes acontecimentos da vida.
A morte entrou pelo mau uso do alimento
Mesmo no Paraíso Terrestre, onde o homem tinha os instintos perfeitamente ordenados, é de supor que, se não tivesse havido pecado e a vida se desenvolvesse normalmente, também seria em torno do ato da nutrição que transcorreriam os melhores momentos do convívio social e familiar.
E como o maior dom de Deus à humanidade seria dado sob a forma de alimento, foi através de um elemento nutriente que o Criador quis pôr à prova nossos primeiros pais, para depois conceder-lhes tão alta dádiva: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente” (Gn 2, 16-17). É esta a forma característica do agir de Deus. Pede uma pequena renúncia para depois dar, em recompensa, uma infinitude.

domingo, 2 de agosto de 2015

Evangelho XIX Domingo do Tempo Comum - Ano B - Jo 6, 41-51

Comentários ao Evangelho do XIX Domingo do Tempo Comum - Ano B - Jo 6, 41-51
Naquele tempo, 41 os judeus começaram a murmurar a respeito de Jesus, porque havia dito: “Eu sou o pão que desceu do céu”.
42 Eles comentavam: “Não é este Jesus o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como pode então dizer que desceu do céu?”
43 Jesus respondeu: “Não murmureis entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o Pai, e por ele foi instruído, vem a mim. 46 Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47 Em verdade, em verdade vos digo, quem crê, possui a vida eterna.
48 Eu sou o pão da vida. 49 Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50 Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. 51 Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.
“Eu sou o Pão vivo descido do Céu”
Ao comer do fruto proibido, nossos primeiros pais pecaram e entrou no mundo a morte. Por meio de outro alimento, o “Pão descido do Céu”, foi-nos restituída a vida. Na Eucaristia, o próprio Deus Se oferece ao homem como comida, dando-lhe infinitamente mais do que havia perdido.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
I – Deus se oferece como alimento
Ao tomarmos um primeiro contato com esta passagem do Evangelho de São João, logo nos deparamos com a surpreendente, obstinada e ilógica incredulidade dos contemporâneos de Jesus, em relação à Sua divindade.
Transcorridos dois milênios, talvez nos seja difícil compreender como podia alguém duvidar da divindade de Nosso Senhor ante provas tão evidentes: cura de todo tipo de doenças, libertação de possessões diabólicas, ressurreições e outros milagres assombrosos, entre os quais a mudança da água em vinho, ou a multiplicação de pães e peixes, ocorrida pouco antes do episódio narrado neste Evangelho do 19º Domingo do Tempo Comum.
Como era, então, possível a alguém contestar as claras afirmações dEle a respeito de Sua divindade e desprezar os Seus divinos atributos? O que levava seus contemporâneos a tomar tal atitude?