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sábado, 10 de outubro de 2015

Evangelho XXIX Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 10, 35-45

Comentários ao Evangelho XXIX Domingo do Tempo Comum – Ano B – Mc 10, 35-45
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”.
Ele perguntou: “O que quereis que eu vos faça?”
Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!”
Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?”
Eles responderam: “Podemos”.
E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado”.
Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João. Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.
Reflexão: Há vida sem sofrimento?  
 A TEOLOGIA DO SOFRIMENTO
É frequente encontrar, nas pessoas que começam a abrir os olhos para o estudo da Religião, manifestações de uma indignada reação análoga à de Clóvis, rei dos Francos, ao ouvir o relato da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: ‘Ah! Por que não estava eu lá com os meus francos?”.1 Custa imaginar como pôde o Divino Salvador, a Suma Bondade, ser morto de maneira tão injusta e cruel, sem que ninguém, nem mesmo algum dos numerosos beneficiados por seus milagres, se apresentasse para defendê-Lo.
A resposta para essa dificuldade, vamos encontrá-la na Liturgia deste domingo, a qual trata daquilo que se poderia denominar a “teologia do sofrimento”.
Pelo sofrimento, chega-se à “ciência perfeita”
Na primeira leitura, o profeta Isaías mostra ter Nosso Senhor padecido tudo quanto era possível, para redimir o gênero humano:2 “O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas” (Is 53, 10-11).
Nos divinos arcanos, aprouve ao Pai permitir que o Filho, o Servo de Javé, fosse “macerado com sofrimentos”. Expressão categórica que significa moer o trigo ou pisar a uva no lagar. E como passou Ele por essa “maceração”? Sereno, tranquilo, suportando tudo como um cordeiro, sem nenhuma queixa, com inteira paciência e submissão aos desígnios do Pai. Com isso, ensina São Tomás, “mereceu a glória da exaltação pelo abatimento da Paixão”.3
Pela via do sofrimento, explica o profeta, Jesus “alcançará luz e uma ciência perfeita”. Ora, o que poderia Nosso Senhor receber que ainda não tivesse? Ele é Deus, portanto, o Conhecimento e a Verdade em substância! A que ciência perfeita faz referência Isaías?

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 10,17-30

Comentários ao Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP 

Naquele tempo, 17 quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele, e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”
18 Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!”
20 Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21 Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!”
22 Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23 Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!”
24 Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”
26 Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?”27Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”.
28 Pedro então começou a dizer-lhe: 'Eis que nós deixamos tudo e te seguimos'. 29 Respondeu Jesus: 'Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa,  irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30 receberá cem vezes mais agora, durante esta vida - casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições - e, no mundo futuro, a vida eterna. Mc 10,17-30
O décimo terceiro Apóstolo?
Aquele que chegara correndo e se ajoelhara sôfrego diante de Nosso Senhor, retirou-se triste e abatido de Sua presença. Preferiu conservar os seus bens terrenos, desprezando — fato inédito no Evangelho — o “tesouro no Céu” oferecido pelo próprio Deus.
I – Fomos criados com uma vocação
Desde toda a eternidade, esteve prevista na mente divina a criação, no tempo, de Nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto homem,1 e de Sua Mãe, Maria Santíssima.2
Mas Deus não concebeu ambos isoladamente. Queria Ele que, à maneira de uma corte, houvesse quem os servisse. Todos nós estávamos incluídos nesse ato de pensamento e fomos amados por Ele como foi revelado a Jeremias: “Eu amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor” (Jr 31, 3).
Nosso Senhor é o modelo tomado por Deus para a nossa criação, é Ele a nossa causa exemplar. Havendo de tornar possível, por Seus méritos, a nossa existência enquanto filhos de Deus, pois “todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça” (Jo 1, 16), constitui-Se em nossa causa eficiente. E, por termos sido criados para servi-Lo e adorá-Lo, é também a nossa causa final.
Fomos, em suma, concebidos em, por e para Jesus, pois “nEle foram criadas todas as coisas nos Céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl 1, 16). Isto configura um chamado feito a nós desde todo o sempre, tal como afirma o Apóstolo: “Deus nos salvou e chamou para a santidade, não em atenção às nossas obras, mas em virtude do seu desígnio, da graça que desde a eternidade nos destinou em Cristo Jesus” (II Tm 1, 9). Deus nos convida a fazer parte da Santa Igreja, e nos chama à santidade. Mas, junto com esse apelo genérico, somos chamados a exercer uma função específica dentro do Corpo Místico de Cristo. É uma missão que cada um tem particularmente e não será dada a mais ninguém.
O Novo Testamento nos apresenta inúmeros exemplos no chamado feito pelo próprio Jesus aos escolhidos para serem Seus Apóstolos: vê Mateus na coletoria de impostos e lhe diz: “Segue-Me” (Mt 9, 9); no caminho de Damasco, São Paulo é lançado por terra e, ao ouvir a voz que o interpelava, responde: “Senhor, que quereis que eu faça?” (At 9, 6); cheio de pasmo após a pesca milagrosa, Pedro se prosterna diante do Mestre, exclamando: “Retira-Te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”, e escuta a divina promessa: “Doravante, serás pescador de homens” (cf. Lc 5, 8-10).
Tal como Mateus, Paulo ou Pedro, que tudo abandonaram imediatamente para seguir o Mestre, precisamos responder com prontidão, generosidade e alegria ao chamado que Jesus faz a cada um de nós.
Este é o ensinamento contido no Evangelho do 28º Domingo do Tempo Comum, como veremos a seguir.
II – O episódio do jovem rico

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 10,17-30

Conclusão dos comentários ao Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

III – Só os pobres de espírito entrarão no reino dos céus
 23 Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”
Neste último versículo, Nosso Senhor Se serve de um provérbio utilizado pelos judeus para expressar algo extremamente difícil e quase impossível. Recorre propositalmente a essa comparação na aparência exagerada — “é mais fácil passar o camelo pelo buraco de uma agulha...” — para mostrar a gravidade da “desordem própria dessa paixão, consistente em apegar o coração à terra, endurecê-lo no que diz respeito a Deus e ao próximo, torná-lo insensível às coisas do Céu”.12
Para bem analisar essas palavras de Jesus, é preciso começar por evitar a interpretação errada, segundo a qual todo rico estaria condenado e todo pobre, ao contrário, estaria no caminho certo para a salvação. Pois o Mestre não se refere aqui à riqueza material, mas sim ao desvio que leva o homem a depositar sua confiança nos bens terrenos, antepondo-os aos bens superiores.
Sobre este particular, esclarece Fillion: “Não se trata aqui dos ricos enquanto tais, pois a posse dos bens temporais não é, de si, um estado de pecado nem causa de condenação, embora ofereça sérios perigos. Jesus não exclui de Seu Reino senão aqueles ricos que se apegam às suas riquezas e nelas põem — digamos assim — sua finalidade e todo o seu afeto”.13
Como valer-se da riqueza para alcançar a vida eterna

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 10,17-30

Continuação dos comentários ao Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum
Jesus o ama e faz-lhe um convite: “Vem e segue-Me”
18 Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém.
Esta resposta causa perplexidade à primeira vista, mas logo se compreendem as divinas razões que levaram Nosso Senhor a dá-la.
Não visava o Messias repreendê-lo, mas sim chamar sua atenção para esta realidade: só Deus é a Bondade e, portanto, bondade absoluta só há em Deus. Santo Efrém ensina a este respeito que Cristo “recusa o título de ‘bom’, dado por um homem, para indicar que Ele tinha essa bondade adquirida do Pai, por natureza e geração, que não a tinha simplesmente de nome”.7
Ao chamá-Lo de “Bom Mestre”, o jovem rico mostrava ver principalmente o lado humano do Messias: sua inteligência, capacidade e sabedoria naturais. Ora, Jesus quer que ele O considere não só como homem, mas sobretudo como Deus. E por isso o interpela: “Por que Me chamas bom?”.

domingo, 4 de outubro de 2015

Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano B - Mc 10,17-30

Comentário ao Evangelho XXVIII Domingo do Tempo Comum
Naquele tempo, 17 quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele, e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”
18 Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19 Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!”
20 Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21 Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!”
22 Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23 Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!”
24 Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”
26 Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?”27 Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”.
28 Pedro então começou a dizer-lhe: 'Eis que nós deixamos tudo e te seguimos'. 29 Respondeu Jesus: 'Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa,  irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30 receberá cem vezes mais agora, durante esta vida - casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições - e, no mundo futuro, a vida eterna. (Mc 10,17-30)
O décimo terceiro Apóstolo?
Aquele que chegara correndo e se ajoelhara sôfrego diante de Nosso Senhor, retirou-se triste e abatido de Sua presença. Preferiu conservar os seus bens terrenos, desprezando — fato inédito no Evangelho — o “tesouro no Céu” oferecido pelo próprio Deus.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP  
I – Fomos criados com uma vocação
Desde toda a eternidade, esteve prevista na mente divina a criação, no tempo, de Nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto homem,1 e de Sua Mãe, Maria Santíssima.2
Mas Deus não concebeu ambos isoladamente. Queria Ele que, à maneira de uma corte, houvesse quem os servisse. Todos nós estávamos incluídos nesse ato de pensamento e fomos amados por Ele como foi revelado a Jeremias: “Eu amo-te com eterno amor, e por isso a ti estendi o meu favor” (Jr 31, 3).
Nosso Senhor é o modelo tomado por Deus para a nossa criação, é Ele a nossa causa exemplar. Havendo de tornar possível, por Seus méritos, a nossa existência enquanto filhos de Deus, pois “todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça” (Jo 1, 16), constitui-Se em nossa causa eficiente. E, por termos sido criados para servi-Lo e adorá-Lo, é também a nossa causa final.