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sábado, 25 de fevereiro de 2017

Evangelho Quarta-feira de Cinzas

Comentários ao Evangelho Quarta-feira de Cinzas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus.
2Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 3Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
5Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6Ao contrário, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa.
16Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”. (Mt 6, 1-6.16-18).
No jejum, na oração ou na prática de qualquer boa obra, não se pode erigir como fim último o benefício que daí possa nos advir, mas sim a glória d'Aquele que nos criou. Pois tudo quanto é nosso - exceção feita das imperfeições, misérias e pecados - pertence a Deus.
Mons. João Clá Dias, EP
I - Tempo de penitência e reconciliação
Por meio do Ciclo Litúrgico, com sabedoria e didática, rememora a Igreja ao longo do ano os mais importantes episódios da existência terrena do Verbo Encarnado. As solenidades da Anunciação e do Natal, as comemorações do Tríduo Pascal e da Ascensão de Nosso Senhor aos Céus, entre outras, compõem um variado caleidoscópio, apresentando à piedade dos fiéis diferentes aspectos da infinita perfeição de nosso Redentor. As graças dispensadas pela Providência em cada um desses momentos históricos revivem, de certo modo, e se derramam sobre aqueles que devotamente participam dessas festividades.
Precedendo as solenidades mais importantes - o Nascimento do Salvador e sua Paixão, Morte e Ressurreição - a Igreja destina dois períodos de preparação: o Advento e a Quaresma, pois convém que, para celebrar tão elevados e sublimes mistérios, os fiéis purifiquem suas almas das misérias e apegos, tornando-as mais aptas a receber as dádivas celestes.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

EVANGELHO DE SÃO MATEUS 16, 13–19

 COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DE SÃO MATEUS 16, 13–19

Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16,13-19
 Pode o Papa errar?
Em 22 de fevereiro a Igreja comemora a festa da Cátedra do Apóstolo Pedro, a rocha sobre a qual deixou Nosso Senhor Jesus Cristo alicerçada a sua Igreja, e sede infalível da verdade.
I – A natureza humana perante a infalibilidade
Uma curiosa experiência nos facilita compreender quão deficiente é o homem na objetividade em observar e narrar o que vê e ouve. Consiste em dispor um bom número de pessoas, e fazer circular entre elas, desde a primeira até a última, um qualquer comunicado oral, cada uma devendo ouvi-lo da anterior e transmiti-lo à seguinte. Nessas transmissões verbais sucessivas acontece por vezes tal distorção que o comunicado chega ao final com um significado totalmente diverso . quando não contrário… . do inicial.
Falhas como essa são conseqüências do pecado original. Por causa deste, a natureza humana .é lesada em suas próprias forças naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento e ao império da morte, e inclinada ao pecado. (Catecismo da Igreja Católica, nº 405).
A transmissão fidedigna de uma verdade e, sobretudo, sua interpretação e conservação, constituíam problemas já para os povos da antiguidade. Mais difícil ainda era explicitar, sem erro, questões metafísicas e sobrenaturais. Nem os tão admirados gregos, romanos e egípcios, com toda a sua sabedoria e ciência, escaparam a esse mal.
O conhecimento das verdades divinas pela religião natural
A partir de nossa razão e da observação das coisas criadas, podemos conhecer muito a respeito de Deus. É a isso que os teólogos católicos chamam de teologia natural, ou religião natural.
 As verdades que os homens podem assim alcançar incluem especialmente a existência de Deus e seus atributos (eternidade, invisibilidade, poder, etc).
Sobre a capacidade humana de atingi-las, São Paulo nos ensina na epístola aos romanos: .Porquanto o que se pode conhecer de Deus, eles [os pagãos] o lêem em si mesmos, pois Deus lho revelou com evidência. Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar. (1, 19-20).
Significativamente, já nos tópicos seguintes desta epístola, o Apóstolo mostra a infidelidade dos gentios a esse conhecimento do Criador, adquirido por meio da religião natural: .Porque, conhecendo a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e se lhes obscureceu o coração insensato. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos. Mudaram a majestade de Deus incorruptível em representações e figuras de homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. (1, 21-24).
Essa constatação de São Paulo é um fato universal, verificado ao longo de toda a História. Mesmo quando os homens, por si mesmos, conhecem verdades da teologia natural, não são capazes de conservá-las íntegras e sem erro.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Evangelho VIII Domingo do Tempo Comum - Ano A - Mt 6, 24-34


Comentários ao Evangelho Mt 6, 24-34 -VIII Domingo do Tempo Comum
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24 “Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. 25 Por isso Eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa?
26 Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos Céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? 27 Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso? 28 E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. 29 Porém, Eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará Ele muito mais por vós, gente de pouca fé? 31 Portanto, não vos preocupeis, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? 32 Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos Céus, sabe que precisais de tudo isso. 33 Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo.
34 Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia, bastam seus próprios problemas” (Mt 6, 24-34).
Pode-se servir a Deus e às riquezas?
“Sempre tereis convosco os pobres” (Jo 12, 8), respondeu Jesus a Judas que, perplexo diante de um grande gasto de Maria Madalena, para ungir os adoráveis pés do Salvador, perguntara: "Por que não se vendeu esse bálsamo por trezentos denários e não se deu o dinheiro aos pobres?" (Jo 12, 5).
I – Introdução
Eis é a grande ansiedade que pervade as almas de povos e nações dos últimos tempos: a frenética busca dos bens materiais. Ora, segundo os Doutores, tanto mais se dividem os homens, quanto mais se apegam a esses bens. Pelo contrário, tanto mais união, benquerença e paz há entre eles, quanto mais se entregam aos bens espirituais. São Tomás de Aquino se serve várias vezes desse elevado pensamento de Santo Agostinho: "Bona spiritualia possunt simul a pluribus (integraliter) possideri, non autem bona corporalia – Os bens espirituais podem ser possuídos ao mesmo tempo por muitos, não, porém, os bens corporais”.1
Assim, quanto maior for o número dos que possuem os mesmos bens do espírito, tanto melhor será. Ademais, obtém-se grande progresso no conhecimento da verdade, na medida em que se procure ensiná-la e se deseje aprendê-la nos outros.
Eis a liturgia de hoje a nos indicar uma profunda solução para as crises atuais: a da desgastada questão social e a da ameaçada economia mundial.